quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

O que penso que seja a Filosofia!

Não quero com esse texto definir nada, mas apenas apresentar muito particularmente aquilo que creio ser a escolha que fiz, talvez até explique porque a escolhi, mas como é uma pergunta que todos fazem a nós formados na área, tento aqui dizer nada criteriosa ou cientificamente sobre que penso ser a filosofia.
Perguntar “o que é a filosofia” parece a pergunta mais freqüente aos que são formados na área, bem como chamá-los de filósofos. A resposta para essa pergunta é difícil e nada rápida, nem mesmo depois de muito pensar ela perecer ser clara, afinal, sempre que tentarmos definir “o que é a filosofia”, sempre esbarraremos em definições muito particulares, contudo, em algum lugar essas varias respostas se encontrarão e concordarão, qual seja, dizer que a filosofia é fazer o uso da razão.
Oras, isso não define a filosofia, mas é um atributo dela, afinal, esse uso da razão se pretende livre e critico, como já disse Kant, é “fazer uso de seu próprio entendimento”, aquilo que ele chamou de maioridade. Concordo com Kant e é nesse sentido que direciono meu trabalho, pois bem, sou um filósofo? Creio não, ou pelo menos ainda não, mas sou apenas professor de filosofia, que passa a historia da filosofia aos meus alunos e, a partir daí, levá-los a filosofar como também propôs Kant.
Então já podemos dizer que filosofia é fazer uso de uma razão, razão está em um estágio de maioridade e que não se pode ensinar nem aprender a filosofia, e também que, nem todo professor de filosofia é de fato um filósofo. Bem, mas porque nem todo professor de filosofia é filósofo? Alguns deles, e arrisco dizer a grande maioria que eu conheço, é incapaz de filosofar e até mesmo de fazer uma historia da filosofia bem feita. Culpa deles? Na maioria dos casos também não, e sim de uma tradição nada filosófica de se reproduzir informação, sem torná-lo conhecimento, e ainda pior, sem tornar-se conhecimento que antes foi pensado e avaliado, questionado e discutido.
No entanto, ser um bom professor de filosofia não é demérito nenhum caso não venha ele a se tornar um filósofo, pois, o papel do professor, no caso e especialmente o de filosofia é fazer com que seus alunos sejam capazes de alcançarem essa maioridade proposta por Kant, pensarem por si mesmos sobre os assuntos do seu dia-a-dia, afinal, a filosofia não nasceu nos gabinetes dos filósofos e muito menos deve permanecer em um, ela deve estar aplicada nas questões mais simples da nossa existência.
A filosofia nos faz mudar, nos faz ser diferentes, e as vezes a diferença incomoda, eu mesmo já sofri alguns “preconceitos” por pensar diferente, por ver diferente. Não são só rosas, não é “viajar” como muitos pensam, a filosofia traz incomodo, inquietação, desespero, impaciência para com as questões do mundo e da vida humana, ela não nos deixa tranqüilos com relação as respostas dadas e comumente dogmáticas e definidas, assim como um bloco de idéias inalteráveis. Isso traz incomodo, inquietação, desespero, impaciência.
Mais não se descabele, isso tudo que vem com a filosofia é ótimo, nunca me arrependi de ao entrar no curso de filosofia ganhar todos esses “brindes” que a maioria das pessoas não quer, afinal, como diz um velho ditado “a ignorância é uma benção”, não causa nenhum incomodo, inquietação, desespero, impaciência, com isso somos incapazes de mudar alguma coisa e permaneceremos sempre numa zona de conforto quente e aconchegante. Tudo aquilo que não é da filosofia, combatida desde que a filosofia existe.
Por isso, se dê uma chance de ver diferente, rever idéias e conceitos que estão a tempos solidificados, e como escutei em uma palestra certa vez “a mudança acontece quando a dor de permanecer é maior que a dor de mudar”, e afirmo que a filosofia dói, pois nos força a rever, então me considero um masoquista, pois a dor que a filosofia me causa é algo que nunca quero deixar de sentir, nunca quero deixar de ser criança, pois é na infância que procuramos saber todos os porquês e ouvimos que somos ou curiosos ou chatos. Acredito que não deixei de ser criança, ainda escuto que sou chato, que bom, sinal que meu esforço filosófico não deixou de ter sentido pra mim.
Não pense que é essa uma visão trágica da filosofia, nem mesmo poética, talvez um relato nada filosófico e muito emocional daquilo que escolhi para minha vida, pois de fato, amo a sabedoria, sou amigo dela, ou pelo menos tento, como a etimologia da palavra filosofia traduz.

Professor Rogério Penna

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