domingo, 17 de agosto de 2014

Crônicas e Contos Filosóficos: Sobre a Origem - Parte 1

Certo dia, sentado na varanda de uma chácara que meus pais alugaram para passarmos um feriado, eu olhava a serra que ficava bem de frente e pensava: "como tudo isso veio parar aí!"

Meus pais acordaram e fomos tomar café. Perguntei então para meu pai:- Pai, qual a origem das coisas?- Que coisas filho? - Perguntou ele.- Ah, das coisas pai, de tudo que existe!Ele olhou para mim com o pão entre os dentes, balançou a cabeça com um sorriso de canto e falou: "Tome seu café"

Fiquei frustado, eu queria mesmo saber a origem das coisas, decidi eu mesmo encontrar a resposta, talves meu pai não soubesse e seria eu quem o ensinaria isso.

Saí então em minha empreitada, levava comigo, andando pela região da chácara, uma mochila com os itens básicos, água, comida, binóculo, caneta e papel para anotar minhas descobertas, além de uma lanterna - nunca se sabe não é?Logo me deparei com uma árvore seca, estavam só os galhos sem folhas, estas estavam no chão, secas. Fiquei triste pois estava morrendo, me detive ali, fiquei olhando aquele pedaço de madeira que um dia teve vida, deu flores e frutos.Me sentei no chão e quando fui apoiar minhas mãos percebi um broto de uma planta, virei e fiquei ali olhando, não andei mais aqiele dia, minha pesquisa sobre a origem das coisas parou ali.Percebi que a terra estava seca, havia algum tempo que não chovia, peguei minha água e molhei a planta, senti sede e bebi um gole também.

"Plin!" Quase pude escutar o som de uma idea vindo a minha mente.

- É a água. Isso, é a água a origem de todas as coisas, olha essa árvore seca, olha essa planta cerscendo, as duas precisam de água, eu preciso de água, eu tive sede, bebi a água e ela sumuiu. Peguei uma maça na bolsa paa comemorar meu feito brilhante, mordi então a fruta e um caldo escorreu da minha boca e isso me fez ter mais certeza que tudo existia por causa da água.

Corri empolgado para a casa e observava pelo caminho as cosias que estavam mortas, elas estavam secas, ressecadas, então conclui que elas não tinham vida. No entanto, haviam outras coisas,plantas lindas, verdinhas ou coloridas, dependia da sua espécie, então conclui que estavam vivas e tinham água.

Chegando em casa, contei para meu pai minhas descobertas e minha conclusão, ensinei meu pai a origem das coisas. Ele sorriu e me pediu para sentar e disse:- Filho, meus parabéns, você chegou a uma conclusão fantástica, mas preciso te contar uma coisa. Um homem já disse isso!- É mesmo pai? Pergutei.- Sim filho, o nome dele é Tales, ele vivia numa cidade chamada Mileto, a muito tempo, por volta do ano 600 antes de Cristo.- E o que ele disse pai?- As pessoas queriam saber qual era a origem das coisas, assim como você. Eles queriam saber qual coisa, elemento ou essência era comum, ou seja, havia de maneira igual em todos os seres.Tales então chegou a conclusão que esse elemente comum a todos os seres era a água.- Que legal pai, assim como eu!- Sim filho, assim como você. Me conta como é que chegou a essa conclusão.Contei a ele sobre como eu havia visto a árvore seca e meu espanto ao ver o broto. Falei da terra seca e minha sede, e com eu havia visto vida na água e morte sem ela.- Legal filho, o Tales fez assim também.- É pai?- É, olha, ele foi estudar numa cidade do Egito, ele viu que o rio Nilo enchia, quando ele esvaziava as pessoas plantavam no lugar onde a água havia ficado, essa parte da terra estava boa para plantar.Ele também percebeu que onde a água do rio não chegava, não se platava nada. Foi por isso que ele imaginou que a água era aquilo que eles chamavam de "pricípio primordial"- Princípio primordial? Uaaaau. Que bonito esse nome pai, descobr então o "princípio primordial". Que brilhante esse Tales, esperto como eu.

Meu pai riu mais uma vez, passou a mão em minha cabeça e me deu um beijo no rosto e disse: "Vái descobrir mais coisas."

Sentei na varanda, agora no fim de tarde, logo me dei conta que não havia respondido uma pergunta ao olhar para a serra: "como tudo isso veio parar aí!".Deixei essa resposta para procurar no outro dia, já estava anoitecendo e meus pais não me deixariam sair de casa.



Rogério Moreira Penna - Crônicas e
Contos Filosóficos.